terça-feira, 28 de março de 2017

ERA HEROÍCA-HÉRCULES



                                                             Era heroica-Hércules




O fato de entre os homens e os deuses existir ainda uma terceira classe especial de heróis, que são denominados também "semi-deuses", é uma particularidade da mitologia e da religião gregas para a qual quase não existem paralelos.

A idade em que os heróis viveram na mitologia grega é conhecida como Era heroica ou Idade heroica. A Era Heroica surgiu no Período Arcaico, quando os gregos imaginavam "heróis"  como certos personagens de lendas épicas. Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semi-deuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos de uma relação entre um mortal e um deus.
Após a ascensão do culto heroico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles. Em contraste com a era dos deuses, durante a heroica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.

Os eventos monumentais de Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Troia, como também a Guerra de Tebas.
Hércules e os Heráclidas

Certos estudiosos acreditam que, por de trás das complexas histórias que envolvem o mito de Hércules (ou Herácles), existiu um homem verdadeiro, talvez um senhor de vassalos em Argos. Outros sugerem que o mito de Hércules é uma alegoria da passagem anual do sol pelas doze constelações do zodíaco. Existe um terceiro grupo que acredita que o mito deriva de outras culturas, revelando que a história de Hércules é uma adaptação regional de mitos heróicos
já estabelecidos anteriormente. Embora a existência de todas essas e muitas outras especulações, a tradição afirma que Hércules foi filho de Zeus com a mortal Alcmena, neta de Perseu. Suas fantásticas façanhas, que envolvem diversos temas folclóricos, proporcionaram muito material às lendas populares. É retratado como um sacrificador, um guerreiro dotado de imenso vigor físico, com força e proezas maravilhosas, protegido por armaduras e itens das quais utilizava com destreza, demonstrando superioridade às habilidades do homem mortal comum. Quanto à iconografia, nas artes visuais
— pelo menos no período arcaico — Hércules sempre fora apresentado com barba, pele de leão e clava nas mãos, com grandes músculos expostos nas pernas e nos braços. Já no século IV, a popularidade do herói decresceu e, talvez um pouco por isso, suas características humanas foram reforçadas mais do que as heroicas, e passou a ser representado sem barba e frequentemente sem armas de combate.
Na literatura, Eurípedes escreveu a peça trágica Hércules (ou Hércules Enlouquecido, Hércules Furioso), onde explora o mito do herói, revelando sua conturbada existência, e sua vontade de cometer suicídio, mas que logo é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu. Na peça As Traquinianas, Hércules aparece aqui através da escrita de Sófocles. Esses dois textos da Grécia antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.
Hércules atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestro oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em
Heráclida (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules, especialmente os descendentes de Hilo — outros Heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes Heráclidas conquistaram os reinos peloponesos de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido sua ascendência. A ascensão dos Heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica"  Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedônicos — como governantes de um mesmo reino — também passaram a ser Heráclidas.
Embora Hércules tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus" — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus.80 Sua figura lendária, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis,
ao homem mortal, mas também atencionada ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao ideal. Essa figura mista que Hércules apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios duplos, primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.
Além das façanhas heroicas de Hércules, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu,
Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes a ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram à contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobrehumana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é um tema frequente nesta primeira tradição heroica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.

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